Partilha nas tuas redes sociais !

Depois de algum tempo ausente.

Pretendo iniciar um fluxo de textos sobre Yoga.

Este artigo pretende ser o primeiro texto, mais básico, mas essencial, para nos familiarizarmos com as diversas ramificações do Yoga com que podemos conviver, quando entramos numa sala de aula.

Pretendo vir a partilhar convosco apontamentos antigos, temas de aulas que já dei, sob a perspetiva dos 15 anos de experiência como professora de Yoga.

Os textos não terão uma sequência linear, mas serão selecionados de acordo com o que achar relevante para os leitores revisitarem nas suas práticas, ou tomarem contato pela primeira vez ou até mesmo um convite para reflexão e aprofundamento.

Apesar de serem indicados nos textos clássicos 4 tipos de Yoga, eles não são 4 caminhos distintos, pois quando praticamos um, percebemos que cada um não existe isolado de todos os outros:

  • Jñana Yoga, o Yoga do conhecimento que corrige o nosso intelecto e a nossa visão do mundo.
  • Bhakti Yoga, o Yoga da devoção, o amor universal como lente de perceção, ser e conexão com o divino através do coração.
  • Karma Yoga, o Yoga da ação correta, do serviço e do ritual. A nossa vida é serviço, e isto significa alinhar a vida exterior com a vida interior para vivermos em verdade e em sincronia com as leis da natureza. Conhecimento e devoção são veículos para o Karma Yoga
  • Raja Yoga, o Yoga Real, o Yoga da meditação. Através da prática do yoga chegamos à nossa essência, transcendemos a identidade da vítima, que é sem dúvida o motor de muitas guerras internas e entre egos.

Um dos segredos do Yoga é a consistência, a repetição contínua da prática, abhyasa, mas esse é um tema que estou certa, abordarei noutro artigo.

O Yoga não é uma aula a que assistimos todas as quartas-feiras à noite, mas uma forma de experimentar a vida. O Yoga é uma forma evolucionária de viver. A prática deve caminhar connosco no dia a dia.

Os Yoga Sutra, um dos principais textos clássicos sobre o yoga, são atribuídos ao Sábio Patañjali que codificou o Yoga em pequenos aforismos, para nos motivar a investigarmos sobre o desconhecido, o invisivel, e corrigirmos a nossa perceção sobre nós próprios e o nosso ‘lugar’ no mundo.

Os Yoga Sutra, fios de uma teia maior, não pedem para acreditarmos ou termos alguma crença, religião ou fé. Não contam uma história mitológica. Os Yoga Sutra tratam da meditação como uma técnica prática e lógica.

Cada sutra age como uma pista para abrirmos a nossa perceção a dimensões mais subtis, para nos alinharmos com as leis da natureza e expandirmos a nossa consciência, refinando o nosso intelecto e o nosso sistema nervoso.

Os Yoga Sutra pedem-nos para praticarmos, até a prática deixar de ser uma prática e passar a ser uma expressão do que somos realmente, UM. Aliás,

Nos Yoga Sutra, o início e o fim, ou o início e a meta, permanecem juntos.

A primeira parte dos Yoga Sutra é o Samadhi (Samadhi Pada), a conclusão do caminho óctuplo, dos 8 braços que trazem a auto-realização da verdadeira essência do Ser.

Segundo Patañjali, existem 8 (ashtanga) ramos do Yoga, ou melhor dizendo 8 aspetos, 8 braços, 8 expressões do Yoga:

  1. Yama, a forma como nos relacionamos com o mundo.
  2. Nyama, a forma como nos relacionamos connosco.

Estes são os alicerces do Yoga. Assim como as raízes mantém uma figueira frondosa, os yama e niyama sustentam a evolução no Yoga e na vida – Seja como fôr que abordemos o que está presente na nossa vida agora, será essa a experiência que nos será devolvida, como um espelho. Se abordarmos com recetividade  e apreciação, serão esses aspetos que nos serão revelados.

  1. Asana, posições psico-biofísicas que preparam o corpo para estados de consciência mais elevados.
  2. Pranayama, técnicas respiratórias, não para controlar a respiração, mas para libertar o prana, para colaborar com a força da vida, para desenvolver sensibilidade ao fluxo do prana. Aprendemos a fluir, como os peixes nas correntes oceânicas.
  3. Prayahara, abstração dos sentidos, porque aquilo que os sentidos nos trazem é apenas informação sobre o efémero, o impermanente.
  4. Dharana, fluxo contínuo de concentração.
  5. Dhyana, meditação.
  6. Samadhi, absorvido na totalidade. O ego é separação, samadhi é unidade.

Estes não são degraus como muitas vezes é traduzido, temos de abordá-los como um todo, não como uma progressão linear. Eles são inseparáveis, e para vivermos no estado de Yoga (Unidade, reunião) os 8 aspetos devem vibrar através de nós, transcendendo a própria prática.

Nos Yoga Sutra, a prática do Yoga não é o movimento daqui para um futuro longínquo em que nos estamos a preparar para tirar uma máscara e colocar outra continuando a cultivar a consciência de separação.

O Yoga inicia e termina ao mesmo tempo – AGORA, a consciência da Unidade, sem qualquer dogma ou medo, a honestidade mais radical, sem máscaras e sem desculpas.

Esta newsletter é dedicada a ti! Convido-te a subscrevê-la.

Loading

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Fios de uma teia maior – Os Yoga Sutra
Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Ao utilizar este site você concorda com nossa Política de Proteção de Dados.
Ler mais