Nós pensamos que só crescemos quando alcançamos a perfeição e por isso, às vezes desistimos porque apesar da consistência do nosso ‘trabalho’, a perfeição parece permanecer uma missão impossível.
Mas na realidade nós crescemos quando vivemos num estado de contentamento ou apreciação, independente da satisfação do sucesso ou da desilusão da derrota. É esta consistência que convida o crescimento.
Contentamento e satisfação não são a mesma coisa.
Mesmo cansados ou em modo de descanso, o estado de contentamento dissipa qualquer culpa ou vergonha, e transforma a inatividade num propósito maior.
Quantos de nós, apesar da disciplina consistente não conseguimos ver o nosso progresso porque só queremos a satisfação, o reconhecimento externo da perfeição. Estamos tão focados em não ser derrotados, em procurar a satisfação do resultado perfeito, cheio de condições, que nos esquecemos do contentamento e da principal fonte de riqueza que temos, que é Agora, o palco eternamente disponível, e a dança que aguarda a experiência do corpo sensível, para imortalizar no peito, o ritmo.
Esta consistência sem pressa, não é o segredo para a perfeição, mas é o que nos torna confiáveis para nós e para atrair o que desejamos.
É a consistência que nos transporta do esforço para a graça, do stress à recetividade.
Porque já não se trata do mérito do resultado urgente, mas do desapego em relação à incerteza e à perfeição.
A nossa atitude perante a abundância de cada momento influência toda a vida no planeta.
Se conseguirmos eliminar da nossa equação, o peso de tomar decisões e conseguirmos ritualizar, quer o esforço, quer a espera, aceitando cada momento como o encadear de vários fenómenos que nos vão permitir encarnar, ser o corpo onde o milagre se vai manifestar, o contentamento torna-se natural.
É que a manifestação não pode ser forçada, por isso o único caminho é a autenticidade, a capacidade de dançar o compasso de espera, o momento vazio entre cada repetição de uma frequência, uma vibração singular.
O facto de estarmos estagnados não significa que nada está a acontecer. Na realidade, é a erosão que cria a montanha.
A repetição mesmo que invisível, é mais importante do que a perfeição. Apaixonarmo-nos pela repetição é imprescindível para crescermos.
Sermos capazes de ocupar o espaço entre a visão e a realidade, pode ser desafiador, mas é muito produtivo. Significa termos a habilidade de profetizar a proximidade, até sermos um.
Não confundas estar parado com ficar para trás! Existem momentos em que a vida não depende da nossa azafama para mostrar o próximo passo, a vida precisa que repitas também o silêncio.
Recuar pode significar levantar voo.
Estacionar pode significar parar a corrida contra o tempo e habitar o momento – inesperado e ao mesmo tempo, o encontro com a visão maior.
O mais engraçado é que só te aperceberás da transformação, quando olhares para ‘trás’ e perceberes o teu propósito agora.
De repente percebes que a repetição consistente e sem condições do contentamento inabalável, não é uma incerteza, e torna possível amar o imperfeito. O coração não pára de bater consistentemente no teu peito, ensinando-te todos os dias a disciplina da apreciação, a disciplina da prosperidade.
Existe uma pressão enorme para chegar ao topo da montanha mais distante, mas como poderás chegar lá sem te tornares o corpo da montanha, intemporal e inabalável.
Nesse lugar onde não esperas por nada, percebes que também as montanhas se movem. Como dizia Rumi: O que buscas está em busca de ti.
O que perdemos quando nos focamos na montanha mais distante, na realidade é a beleza do vale. Permanecer aí não significa que estás estagnado, significa que podes aceitar e explorar novas possibilidades.
E lembra-te como disse Milan Kundera: Quando tudo acontece muito rápido ninguém consegue estar certo de nada, nem de si próprio. Torna-se difícil confiar e ser confiável.
Podemos confiar a vida inteira num único segundo, quando a incerteza e a perfeição se extinguem na repetição do contentamento.
Contentamento e consistência são o que nos torna confiáveis.
O sucesso não significa mover-nos de meta em meta, mas manter o progresso mesmo quando não conseguimos ver a mudança e cultivar em cada dia, um novo standard!
Aquilo que antes pensavas impensável é em cada dia um novo normal!
Não meças a perfeição e a incerteza, tem coragem para amar o imperfeito.
Respira…
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