Pranayama refere-se ao ‘Prana’, à vida e a ‘ayama’, extensão – Expandir, manifestar e prolongar a força da vida através do alento.
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O prana é o nosso maior Mestre, sempre presente desde que nascemos até ao último suspiro. O prana tem o poder de resgatar-nos para o momento quando dirigimos a atenção para o processo respiratório.
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Samavritti Pranayama ou Yoga Pranayama é uma técnica de respiração com um ritmo quadrado em que a duração das inspirações, expirações e retenções são iguais. O principal objetivo desta técnica é internalizar a consciência para reconectar-nos com o espaço de quietude que existe além da hora de ponta mental e das distrações.
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‘Sama’ significa igual. ‘Vritti’ são as oscilações das ondas mentais.
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Este Pranayama reduz a frequência respiratória de 15 a 20 respirações por minuto a 3 a 4 respirações por minuto. Isso provoca uma diminuição de outros parametros vitais, como a frequência cardíaca, a pressão arterial e o metabolismo corporal, intrinsecamente relacionados com a frequência respiratória. A temperatura do corpo é reduzida e um ambiente calmo e um estado mental tranquilo resultam da diminuição da descarga simpática-adrenal. Áreas dos pulmões que normalmente não são usadas na vida diária abrem-se ao fluxo do prana promovendo saúde e bem-estar em todos os níveis da nossa existência.
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Equalizar as 4 fases da respiração, tem um efeito tonificante e estimulante de Samana Vayu (energia equalizadora e de radiância). Aumenta a energia e diminui a letargia. Harmoniza e equilibra o prana que flui através das nadi do corpo ou canais de energia.
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A calma e Estabilidade que advém da prática deste pranayama, permite-nos aceitar a alternância constante entre expansão e redução, saíndo do loop de sobrevivência que oscila entre o apego e a aversão e entrando espontâneamente na frequência de So Hum que nos lembra da nossa beleza e esplendor inerentes (eu sou essa consciência pura) e nos convida a flutuar em cada pausa no oceano cósmico de infinitas possibilidades.
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SamaVritti deve ser praticado com enfase na “respiração diafragmática” para que os seus benefícios se acumulem. A respiração diafragmática ou abdominal é caracterizada pelo um movimento para fora e para dentro do abdomen (barriga).
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“Stitha prajna” ou “Sama bhava” é o estado de ser de equanimidade que vem da prática de tornar a mente transparente (vairagya), capaz de acolher e testemunhar sem julgar, movida pela curiosidade.
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Samatvam Yoga Ucyate: ‘Equanimidade é Yoga’ diz Krishna no Bhagavad Gita.
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Praticamos retenção com pulmões cheios (Kumbhaka) para fortalecer a nossa respiração celular, estabilizar os nossos sentidos, aumentar a consciência interior, acalmar a mente, as oscilações mentais (vritti) e energizar o corpo.
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Praticamos retenção com os pulmões vazios (Shunyaka) para experimentarmos o vazio, eliminando o medo / insegurança da falta e da escassez e progressivamente o medo de morrer.
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Cada expiração prepara-nos para o último suspiro.
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Praticamos retenções para levar o prana da periferia para o centro de cada chakra e do canal central súbtil.
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É importante nunca reter a respiração além do ponto de desconforto. Às vezes, os iniciantes podem sentir tonturas devido ao acúmulo de CO2, que causa a dilatação dos vasos sanguíneos e pode resultar numa diminuição da pressão arterial e resultar numa redução transitória do fluxo sanguíneo para o cérebro. Esta tontura acaba por desaparecer com a prática. Procura desacelerar um pouco.
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Os mais adiantados podem adicionar os Bandha para intensificar a prática.
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De um modo mais geral, integrar a consciência da respiração na nossa prática e na nossa vida, permite-nos conceber um sentido de pertença, porque do primeiro ao ultimo suspiro, a respiração é o fio condutor da nossa vida, um movimento de partilha e fluidez.
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É preciso aceitar morrer para renascer, é preciso esvaziar para receber, é preciso aceitar reduzir para expandir novamente. Ninguém consegue inspirar continuamente. A expiração está implicita na inspiração, ilustrando os ciclos da vida e da natureza e a nossa interdependência com o ambiente.
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Aos poucos, o pranayama reduz a tendência de nos considerarmos entidades separadas, isoladas do mundo, e traz mais fluidez à nossa relação com o mundo externo.
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Quando expiramos, morremos, abandonamos, libertamos, relaxamos, doamos, reiniciamos. Quando inspiramos, iniciamos, recebemos, absorvemos, encarnamos, manifestamos, expandimos. Por isso é sempre recomendado expirar quando encontramos uma dificuldade, seja na nossa prática ou no nosso dia a dia. Um belo reset!
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A respiração atua como uma ponte para o nosso sistema nervoso e mente. Podemos alterar o nosso estado psicológico seguindo a nossa respiração em determinados ritmos. A respiração consciente melhora todos os processos celulares. É uma fantástica fonte de energia.
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Ao aplicarmos a nossa consciência ao pranayama saímos do modo de “piloto automático”. Seguimos o movimento da respiração, movidos pela fé de um suspiro atrás do outro. Uma ação com sabor a não ação porque nos liberta da necessidade de decidir o que vem a seguir – Continuidade do fluxo da vida.
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Samavritti acalma e equilibra o sistema nervoso, centrando a mente e criando um estado de ser desperto e neutro, simultaneamente energizado e relaxado, equânime e não reativo.
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Restaurando o equilíbrio entre o sistema nervoso simpático e parassimpático aumentamos a tolerância à dor, aumentamos a nossa resiliência perante o stress, e podemos superar hábitos e vícios prejudiciais.
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O pranayama consciente não é uma disciplina que repetimos, mas um processo de exploração. Samavritti pranayama desenvolve paciência ajudando-nos a experimentar a unidade em todos os processos físicos e mentais.
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Instruções:
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Como iniciante, podes começar por fazer apenas inspirações e expirações iguais, sem retenções. Ex: Insp. 4 seg. / Exp. 4 seg. e vocalizando mentalmente o mantra ‘So’ na inspiração e ‘Hum’ na expiração. 4×4 seg.
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Ou com um ritmo que não crie tensão, podes equalizar a inspiração e expiração, e equalizar com um tempo menor as retenções com pulmões cheios e vazios. Ex. Insp. 8 seg. / Retém com ar 4 seg. / Exp. 8 seg. / Retém sem ar 8 seg. Desta forma começas a familiarizar-te com as retenções.
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Até que vais procurar equalizar todas as fases. Escolhe o ritmo que não cria tensão ou ansiedade. 4x4x4x4 seg.
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